A história de Kevin Mitnick contada por Kevin Mitnick
Sex 22 Jun 2007 21:09 |
- Detalhes
- Categoria: Mundo hacker
- Atualização: Terça, 21 Abril 2009 20:03
- Autor: vovó Vicki
- Acessos: 22144
Esta é a história de Kevin Mitnick, um dos hackers mais famosos do planeta, contada por ele mesmo.
Relato de Kevin Mitnick
Alguns hackers destroem arquivos das pessoas ou discos rígidos inteiros - são chamados de crackers ou vândalos. Alguns hackers iniciantes não se preocupam em aprender a tecnologia, simplesmente baixam ferramentas hacker para invadir sistemas de computadores - são chamados de script kiddies. Hackers mais experientes com conhecimento de programação criam programas hacker e os colocam na web e em bulletin boards. E depois há os indivíduos que não têm nenhum interesse na tecnologia, mas que usam o computador apenas como uma ferramenta para roubar dinheiro, bens ou serviços. Apesar do mito Kevin Mitnick criado pela mídia, não sou um hacker mal-intencionado. O que eu fiz não era ilegal quando comecei, mas se tornou um crime depois que uma nova legislação foi criada. Eu continuei assim mesmo e fui flagrado.
O tratamento que recebi do governo federal não foi devido aos crimes, mas para me transformar num exemplo. Eu não merecia ser tratado como um terrorista ou como um criminoso violento: minha casa foi vasculhada sem um mandado de busca; fui colocado na solitária durante meses; meus direitos constitucionais fundamentais, garantidos para qualquer acusado de crime, foram negados; minha fiança foi negada, assim como uma audiência de fiança; e fui forçado a gastar vários anos lutando para obter do governo as evidências para que meu advogado indicado pela Justiça pudesse preparar minha defesa.
E sobre meu direito a um julgamento rápido? Durante anos, a cada seis meses me forçavam a escolher: assinar um documento abrindo mão dos meus direitos constitucionais de ter um julgamento rápido ou ir a um julgamento onde seria defendido por um advogado despreparado. Resolvi assinar. Mas estou me antecipando na história.
O começo
Meu caminho, provavelmente, foi traçado muito cedo na minha vida. Eu era um garoto despreocupado, mas entediado. Depois que meu pai se mandou quando eu tinha três anos, minha mãe trabalhou como garçonete para nos sustentar. Naquela época eu era um filho único criado por uma mãe que enfrentava dias longos e corridos, muitas vezes sem horário, tentando acompanhar sua criança da melhor forma possível. Resultado: eu era a minha própria babá.
Crescendo na comunidade de San Fernando Valley tive a oportunidade de explorar toda Los Angeles e, com doze anos, acabei descobrindo um modo de viajar de graça por toda grande L.A. Um belo dia, enquanto estava no ônibus, descobri que o controle da passagem de ônibus que havia comprado baseava-se no padrão pouco usual do furador de papel que os motoristas usavam para marcar na tira de papel o dia, a hora e a rota. Um motorista simpático, respondendo minha pergunta cuidadosamente plantada, contou-me onde poderia comprar este tipo especial de furador. As passagens permitiam trocar de ônibus e continuar uma viagem até o destino, mas descobri como usá-las para ir de graça para qualquer lugar que quisesse. Conseguir passagens não marcadas foi bico: as lixeiras nos terminais de ônibus sempre estavam cheias de blocos de passagens parcialmente usados que os mostoristas jogavam fora no final do expediente. Com algumas passagens virgens e o furador, podia marcar minhas próprias trocas de ônibus e ir para qualquer lugar em L.A. Depois de algum tempo, já havia decorado as rotas dos ônibus de todo o sistema. Este foi um exemplo precoce da minha memória surpreendente para certos tipos de informação - ainda hoje consigo me lembrar de números de telefone, senhas e outras coisas que decorei na infância. Outro interesse pessoal que aflorou quando era pequeno foi um fascínio pelo mágica. Assim que aprendia um truque novo, eu treinava, treinava e treinava até dominá-lo. Por extensão, foi através da mágica que descobri o prazer de iludir as pessoas.
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