A Guerra Franco-Prussiana
Ter 20 Fev 2007 17:53 |
- Detalhes
- Categoria: História das Guerras
- Atualização: Domingo, 19 Abril 2009 13:01
- Autor: vovó Vicki
- Acessos: 33070
Bismarck, a união dos estados alemães e a queda de Napoleão III. A Guerra Franco-Prussiana remodelou a Europa e preparou o caminho para a Primeira Guerra Mundial.
A Guerra Franco-Prussiana desenrolou-se de 19 de Julho de 1870 a 10 de Maio de 1871, tendo como adversários o Império Francês e o Reino da Prússia. O conflito marcou a culminação das tensões entre as duas potências após o crescente domínio da Prússia sobre a Alemanha, na época ainda uma federação de territórios quase que independentes.
Esta guerra sinalizou o crescente poderio militar e o imperialismo da Alemanha. Foi provocada por Otto von Bismarck, o chanceler prussiano, como parte do seu plano de criar um Império Germânico unificado.
A causa profunda da Guerra Franco-Prussiana foi a seguinte: o aparecimento da Prússia como potência germânica líder e a unificação cada vez maior dos estados alemães eram vistos com apreensão por Napoleão III depois da vitória prussiana na guerra Austro-Prussiana de 1866. Bismarck, ao mesmo tempo, deliberadamente encorajava a crescente desavença entre a Prússia e a França para atrair os estados do sul da Alemanha para uma união nacional. Assegurou-se da neutralidade da Rússia e da Itália e tinha como certa a neutralidade britânica. Os dois lados começaram a se preparar para uma guerra, com marcada ineficiência na França e com espantosa perfeição na Prússia.
A causa imediata da guerra foi a pretensão do príncipe alemão Leopold von Hohenzollern-Sigmarinen ao trono espanhol, o qual estava vago desde a revolução de Setembro de 1868. Napoleão III, temendo uma supremacia germânica, enviou um despacho ao rei Guilherme I da Prússia solicitando que garantisse a desistência definitiva do pretendente alemão. O rei declarou que a matéria estava fora da sua alçada e enviou um telegrama - O despacho de Ems - que, apesar de moderado, não assegurava neutralidade. Ao ser consultado por Guilherme I sobre o seu teor, Bismarck altera de tal modo o texto que o despacho se torna de fato uma declaração insultante para os franceses, provocando grande indignação. A França, então, declarou oficialmente a guerra que teve profundas repercussões em toda a Europa.
Principais acontecimentos
Os franceses foram surpreendidos quando os estados alemães do sul, independentes da Prússia, mas ligados a ela por tratados secretos, juntaram-se à Confederação Germânica do Norte e entraram na guerra.
Os alemães foram conduzidos por Helmuth Karl Bernhard von Moltke, um gênio militar. Napoleão III assumiu o comando dos franceses mas, pouco depois, devolveu-o ao marechal Bazaine.
Os franceses foram fragorosamente derrotados em muitas batalhas devido à absoluta superioridade militar das forças prussianas e de seus comandantes. Em 4 de Agosto de 1870 os alemães cruzaram a fronteira entrando na Alsácia. Derrotaram os franceses em Wissembourg, fizeram o marechal MacMahon recuar até Châlons-en-Champagne, forçando uma cunha entre as forças de MacMahon e as de Bazaine, sediadas em Metz. Bazaine, na tentativa de se unir a MacMahon, foi derrotado em Vionville (16 de Agosto) e Gravelotte (18 de Agosto) e teve que voltar para Metz. Os alemães iniciaram sua marcha para Paris e, em 1 de Setembro, a tentativa de Napoleão III e MacMahon de salvar Bazaine levou ao desastre em Sedan. O imperador foi feito prisioneiro juntamente com seus 100.000 soldados. Dois dias depois, este fato levou à revolução em Paris que terminou com o Segundo Império Francês e levou à criação de um novo governo de defesa nacional.
Em Metz, em 27 de Outubro, ocorreu mais uma derrota esmagadora: o marechal Bazaine rendeu-se com seus 180.000 soldados. Em 28 de Janeiro de 1871, apenas 10 dias após Guilherme I ter sido proclamado Imperador da Alemanha em Versailles, foi assinado um armistício.
A Guarda Nacional e os trabalhadores de Paris, no entanto, recusavam-se a aceitar a derrota, acusando o governo conservador de ter falhado na organização de uma resistência nacional efetiva. Tomaram a capital francesa em 18 de Março estabelecendo a Comuna de Paris, sob o comando do General Trochu, Léon Gambetta e Jules Favre. Com o apoio tácito dos prussianos, o exército francês reconquistou Paris e executou dezenas de milhares de trabalhadores e revolucionários na "Semana Sangrenta" (21 a 28 de Maio).
O tratado de paz franco-germânico preliminar assinado em Versailles (26 de Fevereiro) foi confirmado pelo Tratado de Frankfurt (10 de Maio de 1871). A França foi obrigada a ceder três "départements" (a província prussiana da Alsácia-Lorena, até 1919) e a pagar uma indenização de guerra de 2 bilhões de francos. Tropas alemãs continuaram em parte do território francês até o pagamento da última parcela de indenização em Setembro de 1873.
Enquanto a guerra uniu a Alemanha sob a coroa prussiana, em Fevereiro de 1875 a França tornou-se uma república na qual a lembrança da Comuna continuou a dividir a esquerda e a direita. Também como resultado da guerra, os Estados Papais, agora sem a proteção da França, foram tomados pela Itália (20 de Setembro de 1870), completando a unificação deste país.
A guerra amargou as relações franco-germânicas durante as décadas seguintes, exacerbando as rivalidades européias que iriam explodir na Primeira Guerra Mundial.
Fontes de Referência
- Franco-Prussian War na wikipedia
- Franco-Prussian War