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Babel dos Garranchos

Kanji - Um

Sex

29

Jan

2010


19:24

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Há anos me ocupo com kanjis. Gosto do tema e acho que é uma forma de encarar o mundo e expressar os pensamentos de um modo diferente. Talvez você também tome gosto pela coisa lendo alguns dos meus artigos sobre o assunto. Não pretendo me aprofundar, mesmo porque não sou especialista e também porque não penso em morar no Japão ou na China, mas acho que vale a pena contar o que fui descobrindo enquanto fuçava esta nova maneira de se comunicar.

O primeiro kanji

O primeiro kanji do qual é preciso tomar conhecimento não poderia ser outro senão o UM. Isto mesmo, a noção de um, único, primeiro, unidade. Com este símbolo podemos expressar o valor numérico 1, a primeira vez, o primeiro mês do ano, uma pessoa e, ampliando o conceito, podemos dar a entender uma coisa única, geral ou universal. Coisa do tipo Deus é único, conhecimento geral ou idéia amplamente aceita.

Aqui está este kanji composto apenas por um risco:

1

No nosso dia a dia podemos usar este kanji para abreviar anotações substituindo as palavras um, único, global, etc por um risquinho na horizontal. Parece bobagem, mas, quando estamos com pressa e não somos especialistas em estenografia (a escrita abreviada usada durante várias décadas por secretárias extremamente eficientes para anotar as observações dos chefes), é uma mão na roda.

Além disto, este caractere também é um radical que pode ser usado para compor kanjis mais elaborados para significar um, teto ou piso. É só uma questão de ir ampliando o conceito smile

Como os kanjis se localizam no espaço

Aproveitando a carona neste primeiro artigo sobre kanjis, gostaria de esclarecer o seguinte: todo kanji, por mais complicado que seja, ocupa um espaço quadrado. Isto significa que, se desenharmos vários kanjis na horizontal ou na vertical, cada um deles deve ocupar uma área quadrada de igual tamanho. É como se fosse este texto que estou escrevendo agora. As letras têm uma determinada proporção que nos é familiar. Se eu escrever "este kanji representa um" você não vai estranhar, mas se eu escrever "este kanji representa um" você vai se incomodar. Para evitar este desconforto, os kanjis também devem ocupar "caixinhas", da mesma forma que as letras do alfabeto ocidental.

Outra dica: os kanjis geralmente são desenhados da esquerda para a direita e de cima para baixo. Neste exemplo, a coisa é mais do que fácil porque o caractere é composto apenas por um traço (que será desenhado da esquerda para a direita bem no meio da caixinha).

Alguns exemplos


kanji umkanji pessoa hitori uma pessoa
kanji umkanji ordem ichiban

número um, o melhor

kanji umkanji lua ichigatsu

Janeiro (primeiro mês)

kanji umkanji dia ichinichi, tsuitachi

um dia, primeiro dia

kanji umkanji vez ichido

uma vez

A pronúncia

A pronúncia on deste kanji é ichi (que se diz itchi) ou itsu; a pronúncia kun é hito(tsu). O que é esse negócio de on e kun?

Para explicar melhor, copiei um trecho do texto Kanji na Wikipedia:

Há algumas discordâncias sobre como os caracteres chineses chegaram ao Japão, mas é geralmente aceito que monges budistas, ao voltar para o Japão, trouxeram consigo textos chineses por volta do século V. Esses textos estavam em chinês e, num primeiro momento, teriam sido lidos como tal. Com o passar do tempo, porém, um sistema conhecido como kanbun (漢文) foi desenvolvido. Ele usava essencialmente sinais diacríticos nos textos chineses para possibilitar aos que falavam japonês lê-los de acordo com as regras da gramática japonesa. A língua japonesa não possuía forma escrita naquele tempo. Surgiu um sistema de escrita chamado man'yogana que usava um limitado número de caracteres chineses baseados em sua pronúncia, ao invés de seu significado. Man'yõgana escrito em estilo curvilínio se tornou hiragana, um sistema de escrita que era acessível às mulheres (que na época não recebiam educação superior). O silabário katakana emergiu por um caminho paralelo: estudantes de monastério simplificaram man'yõgana a um único elemento constituinte. Desta forma os dois outros sistemas de escrita, hiragana e katakana, referidos coletivamente como "kana", são, na verdade, provenientes de kanjis.

Devido à maneira como os caracteres kanji foram adotados no Japão, um único kanji pode ser usado para escrever uma ou mais palavras diferentes (ou, na maioria dos casos, morfemas). Do ponto de vista do leitor, é dito que os kanjis apresentam uma ou mais "leituras" diferentes. A escolha da leitura depende do contexto, significado pretendido, uso em compostos, e até a localização na frase. Alguns kanjis apresentam 10 ou mais leituras possíveis. Estas leituras são normalmente categorizadas como "on'yomi" ou "kun'yomi".

"On'yomi" (音読み), a leitura sino-japonesa, é uma aproximação da pronúncia chinesa do caractere na época em que ele foi introduzido no Japão. Alguns kanjis foram introduzidos várias vezes em épocas diferentes e a partir de distintas regiões da China, por isso temos múltiplos "on'yomi" e às vezes múltiplos significados. Normalmente não iria se esperar que kanjis inventados no Japão tivessem uma leitura "on", mas há exceções, como o caractere 働 'trabalhar', que apresenta o kun'yomi "hataraku" e o on'yomi dõ, e 腺 'glândula', que tem somente o on'yomi.

A leitura on'yomi ocorre principalmente em palavras compostas de múltiplos kanjis (熟語 jukugo), muitas das quais são o resultado da adoção (juntamente com o próprio kanji) de palavras chinesas para conceitos que não existiam na língua japonesa da época. Este processo é comparável ao empréstimo de palavras de origem latina pelo português.

A leitura kun'yomi (訓読み), ou "leitura nativa", é baseada na pronúncia de uma palavra de origem japonesa, ou "yamatokotoba" (大和言葉), que se aproximava do significado do caractere chinês na época em que este foi introduzido. Assim como o on'yomi, pode haver várias leituras kun'yomi para um mesmo kanji, ou até mesmo nenhuma. Por exemplo, o kanji para leste, 東, apresenta on'yomi "tõ". Mas, a língua japonesa já tinha duas palavras para "leste": "higashi" e "azuma". Deste modo, ao caractere kanji 東 foram adicionadas estas duas pronúncias. Já o kanji 寸, que denota uma unidade de medida Chinesa (aproximadamente 3cm), não tinha nenhum equivalente na língua japonesa, por isso tem apenas uma leitura on'yomi.

Mesmo palavras com conceitos similares, como "leste" (東), "norte" (北) e "nordeste"(東北), podem ter leituras completamente diferentes: "higashi" e "kita", leituras "kun", são usadas respectivamente nas duas primeiras; a terceira lê-se usando o on'yomi: "touhoku".

A principal regra para determinar a leitura e pronúncia de um kanji em um determinado contexto é que kanjis aparecendo em compostos são normalmente lidos usando o "on'yomi". Esses compostos são chamados "jukugo"(熟語) em japonês. Por exemplo, 情報 jõhõ "informação", 学校 gakkõ "escola", e 新幹線 shinkansen "trem-bala", todos seguem este padrão.

Kanjis que aparecem isolados -- ou seja, escritos adjacentes a kana somente, não a outros kanjis -- são normalmente lidos usando seu "kun'yomi". Junto com seu okurigana, caso o possuam, eles normalmente funcionam como um substantivo ou como um verbo ou adjetivo flexionados. Por exemplo: 月 tsuki "lua", 情け nasake "simpatia", 赤い akai "vermelho" (adj), 新しい atarashii "novo", 見る miru "ver".

Há um terceiro tipo de leitura, na qual os kanjis são lidos pelo significado conjunto, ignorando-se as pronúncias "on" e "kun" de cada um deles isoladamente. Como um exemplo, veja a palavra para "adulto", que é 大人, e que consiste dos kanjis 大 (grande) e 人 (pessoa). Contudo, a leitura não é "daijin" nem "oohito" como poderia se esperar das leituras "on" e "kun", mas sim "otona", pois esta é a palavra japonesa para "adulto".

Um outro exemplo é 明後日, que consiste de 明("amanhã") + 後(depois) + 日(dia), ou seja "dia depois de amanhã". Existe a leitura "myogonichi", que é feita pelos caracteres, mas o composto também pode ser lido como "asatte", que significa "depois de amanhã" mas não está relacionado às pronúncias dos kanjis individuais.

Fontes de referência

Como já citei acima, Kanji na Wikipedia. Os gráficos são do The Kanji Site.

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