A Aldeia Numaboa ancestral ainda está disponível para visitação. É a versão mais antiga da Aldeia que eu não quis simplesmente descartar depois de mais de 10 milhões de pageviews. Como diz a Sirley, nossa cozinheira e filósofa de plantão: "Misericórdia, ai que dó!"

Se você tiver curiosidade, o endereço é numaboa.net.br.

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Babel dos Garranchos

Origem dos Alfabetos

Qui

4

Jan

2007


10:21

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Mesopotâmia

O mapa da Mesopotâmia, a região entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, mostra a época e o lugar em que surgiram os primeiros rudimentos da escrita.

As mais antigas inscrições descobertas até hoje foram achadas em Uruk — a atual cidade de Warka, no sul do Iraque — e datam de 3.300 antes de Cristo. Como os sinais eram formados por um junco ou cabo de madeira que deixava um traçado semelhante a uma cunha, esse tipo de escrita recebeu o nome de cuneiforme (de cuneus, termo latino que significa cunha).

Usado para controlar as mercadorias que entravam e saíam dos palácios e templos mesopotâmicos, o cuneiforme era inicialmente uma escrita pictográfica: a idéia de boi, por exemplo, era representada por sinais que lembravam a cabeça desse animal, enquanto o desenho do sol surgindo no horizonte significava o dia.

Aos poucos ela foi se tornando cada vez mais abstrata. As idéias passaram a ser expressas por sinais — cada um com seu valor fonético — e não mais através de desenhos. No segundo milênio antes de Cristo, a escrita cuneiforme era corrente em todo o Oriente Próximo, tanto que passou a gravar não apenas a língua dos sumérios, os primeiros habitantes da região, mas também a dos semitas, assírios e babilônios.

Civilizações
As primeiras civilizações (fonte: World Hystory Online)

Na região do rio Nilo usava-se a escrita hieroglífica egípcia, que surgiu por volta do ano 3000 antes de Cristo. Durante o Antigo Império, que data de meados do terceiro milênio antes de Cristo, esse tipo de escrita era composto por cerca de 1.000 sinais. Devido a esta complexidade, os escribas eram os homens mais admirados do Egito antigo e chegaram a ser adorados como deuses. O médico, o arquiteto, o sacerdote e até mesmo o faraó egípcios eram, antes de tudo, escribas.

Havia ainda os sistemas de escrita dos povos que habitavam a região do Mar Egeu — o hieroglífico, o Linear A e o Linear B. Os mais antigos registros desses sistemas datam do período chamado pelos especialistas de Minóico Médio (de 1900 a 1700 antes de Cristo) e foram encontrados na Ilha de Creta. O aparecimento dessas escritas está ligado ao desenvolvimento de sistemas econômicos e políticos caracterizados pela centralização administrativa em grandes centros urbanos e palaciais. Decifrado em 1957, o Linear B — que substituiu os hieroglifos e o Linear A — revelou tratar-se de uma conotação da língua grega. Ele testemunha, já no segundo milênio antes de Cristo, a adoração a Zeus, Hera e outras divindades do panteão grego.

Ugarit e Fenícia

Oriente próximo
Oriente próximo (fonte: Akhenaten's World)

Embora a sistematização do alfabeto seja atribuída aos fenícios, há vestígios de uma escrita alfabética anterior ao sistema desenvolvido por aquele povo.

Os únicos exemplos desta escrita proto-sinaítica são cerca de 30 inscrições datadas do ano de 1600 a.C. encontradas em Serabit el Khadim, na península do Sinai. Ainda que essa escrita pictográfica seja próxima dos sinais egípcios, ela registra um alfabeto que teve, desde o segundo milênio antes de Cristo, um sucesso inesperado, destacando-se sua influência nos alfabetos de Ugarit e da Fenícia.

A escrita de Ugarit, descoberta nas ruínas da cidade de Ugarit, representa o início do processo de democratização do saber. Os sistemas que precederam essa forma de escrita utilizavam um sinal para cada palavra ou sílaba, o que tornava necessária uma quantidade imensa de sinais, acessível apenas a iniciados nessa técnica. Esta escrita, que é gravada na forma de cuneiformes e por isso é vista como um "cuneiforme alfabético", facilitou as coisas. Ela tem 30 sinais, cada um deles designando uma letra, como nos alfabetos modernos. Os escribas de Ugarit conheciam o alfabeto proto-sinaítico e aplicaram o seu princípio usando cuneiformes, que se tornaram assim muito mais simples do que os primeiros cuneiformes mesopotâmicos. Guardar na memória trinta sinais estava ao alcance de muitos, lembrar-se de centenas de sinais com valores diferentes era exclusividade de uma elite. O ugarítico, datado do século 14 antes de Cristo, é o mais antigo alfabeto completo conhecido.

Mas foi, de fato, com os fenícios que o alfabeto se expandiu. Além de ter sido amplamente divulgado pelo mundo antigo e servido para gravar línguas como o aramaico e o hebreu antigos, o alfabeto fenício inspirou outros povos a criar seus próprios alfabetos. O mais famoso resultado desse processo é o alfabeto grego, em grande parte devedor da invenção fenícia. Com 22 sinais, o alfabeto fenício foi utilizado por volta do final do século 12 antes de Cristo.

Grécia

Grécia antiga
Grécia antiga (fonte: Perry-Castaneda)

A escrita Linear B foi usada pelos gregos até o século 12 antes de Cristo. Depois de três séculos em que parece não se ter conhecido nenhuma forma de escrita na Grécia continental, surgiu uma escrita alfabética distinta da Linear B, adaptada pelos gregos a partir do alfabeto fenício. Contando com 24 caracteres, incluindo consoantes e vogais, esse sistema de escrita alfabética grega foi uma das maiores contribuições culturais para o mundo ocidental, pois em sua origem situa-se a família dos alfabetos que dominam o Ocidente, pela herança etrusca e, em seguida, latina.

Os etruscos, povos que ocupavam a costa ocidental da Itália e fizeram contatos com os gregos a partir do século 8 antes de Cristo, foram os intermediários entre o alfabeto grego e o latino. A história do alfabeto latino depois do século 1 antes de Cristo resumiu-se à sua adaptação a várias línguas e à transformação das letras capitais nos estilos cursivos. Com a dissolução do Império Romano, deu-se uma mudança notável no desenvolvimento da escrita cursiva latina, aparecendo em vários lugares da Europa Ocidental o que podemos chamar de estilos 'nacionais' de escrita cursiva minúscula.

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