Criptografia Numaboa
Giambattista Della Porta
Ter 27 Set 2005 02:16 |
- Detalhes
- Categoria: História da Criptologia
- Atualização: Terça, 14 Abril 2009 14:11
- Autor: vovó Vicki
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Um jovem prodígio napolitano, futuro fundador da primeira sociedade científica da Renascença, sintetizou as idéias de seus predecessores e preparou o caminho para a forma moderna da substituição polialfabética (veja a Cifra de Della Porta). Giambattista Della Porta tinha 28 anos quando, em 1563, escreveu o livro que lhe rendeu grande renome como criptólogo. De furtivis literarum notis - vulgo de ziferis é composto por quatro volumes que tratam, respectivamente, de cifras da antiguidade, de cifras modernas, da criptoanálise e das características linguísticas que facilitam a decifração. A obra representa a soma dos conhecimentos criptológicos da época. Della Porta recapitula os procedimentos clássicos de seus antecessores, porém não se abstém de críticas: o venerável alfabeto maçônico ou rosacruz (hoje conhecido como pig-pen) não é utilizado, escreve ele com menosprezo, a não ser "por iniciantes, mulheres e crianças".
Porta classifica os procedimentos criptográficos em três categorias: a mudança da ordem das letras (transposição), das suas formas (substituição por símbolos) e do seu valor (substituição por um alfabeto cifrante). Apesar de resumido, este é o primeiro exemplo da divisão dos procedimentos, atualmente clássica, em dois princípios básicos: transposição e substituição. Foi o inventor do primeiro sistema literal de chave dupla, ou seja, da primeira cifra onde se altera o alfabeto cifrante a cada letra cifrada.
Se Della Porta não criou nenhum outro procedimento de substituição polialfabética, em compensação garantiu o futuro da criptoanálise ao compilar os métodos clássicos citados por Alberti, Bellaso e Trithemius. Sem dúvida alguma, ele foi o primeiro autor europeu (porém bem depois de Al-Kindi) a propor uma solução de decifração para substituições monoalfabéticas sem a divisão de palavras. Della Porta igualmente inovou com o método conhecido como método da palavra provável, o qual consiste em pressupor palavras de uso comum e depois tentar encontrar no texto cifrado as palavras correspondentes. Por exemplo, se estivermos analisando uma carta cifrada, é lícito supor que ela comece com Prezado Senhor.
Gianbattista Della Porta nasceu em 1 de Novembro de 1535, em Vico Equense (Nápoles). Segue um breve resumo das suas principais contribuições. Em 1558 publica Magia naturalis. Em 1563 publica De furtivis literarum notis, no qual propõe algumas cifras parecidas com as de Bellaso. Em 1579 está em Roma a serviço do cardeal D'Este. Em 1593 publica De refractione, optices parte no qual parece preceder o telescópio de Galileu. Della Porta morreu em 4 de Fevereiro de 1615, em Nápoles.
De furtivis literarum notis
Entre os métodos ditos modernos, apesar de não serem da sua autoria, Della Porta descreve a primeira substituição bigrâmica da história da criptologia. Este método se caracteriza pela substituição de duas letras por um símbolo único. Na fig. 1 está a tabela de substituição. O símbolo situado na intersecção da coluna de uma letra com a linha da outra era usado para substituí-las.
Observando a tabela original de Della Porta, percebe-se uma série de padrões de repetição. Por exemplo, a coluna do G é constituída unicamente por variações de quadrados; a coluna do I é constituída exclusivamente por variações da forma X. Estes são indícios que podem facilitar a ação de decifradores. Para complicar um pouco uma criptoanálise, pode-se "embaralhar" esta tabela, por exemplo, deslocando-se os símbolos das colunas de forma circular em uma posição e utilizar alfabetos desordenados.
No mesmo livro, Della Porta também apresenta um disco cifrante, o segundo depois do disco de Alberti. O disco interno contém uma série de símbolos que podem ser utilizados para a cifragem e o disco externo possui um alfabeto ordenado, onde cada letra é acompanhada pelo número romano correspondente. O alinhamento dos símbolos com as letras do alfabeto geram os alfabetos cifrantes.
Fontes
- David Kahn, "The Codebreakers"
- Didier Müller, Giovanni Porta
- Paolo Bonavoglia, La Crittografia da Atbash a RSA