Criptografia Numaboa
Girolamo Cardano
Ter 21 Jun 2005 21:00 |
- Detalhes
- Categoria: História da Criptologia
- Atualização: Quinta, 03 Abril 2008 13:34
- Autor: vovó Vicki
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Girolamo Cardano teve uma vida movimentada, contada em detalhes na sua autobiografia, De vita propria liber (O Livro da Minha Vida). Cardano conta que nasceu, depois de várias tentativas de aborto, em Pávia, Itália, em 24 de Setembro de 1501, como filho ilegítimo de um jurista, Fazio Cardano, e Chiara Micheri. De acordo com seu relato, teve uma infância miserável caracterizada por doenças frequentes e tudo menos um tratamento amoroso por parte dos pais.
Em 1520, finalmente fugiu desta situação familiar quando ingressou na Universidade de Pávia. Terminou seus estudos universitários em 1526 na Universidade de Pádua, com um doutorado em Medicina, e passou a exercer a profissão de médico na aldeia de Saccolongo, perto de Pádua. Em 1531 casou com Lucia Bandarini, moça da região. Tiveram dois filhos e uma filha. Conforme os relatos da autobiografia, Cardano foi muito feliz nos anos em que viveu em Saccolongo.
Em 1534, Cardano e a família mudaram-se para Milão, onde ele passou a ensinar Grego, Astronomia, Dialética e Matemática nas escolas fundadas por Tomaso Piatti. Foi o início do seu grande interesse pela Matemática. In 1539, escreveu seu primeiro tratado matemático, Practica arithmetica, e em 1545 produziu seu maior trabalho matemático, Artis magnae sive de regulis algebraicis liber unus (A Grande Arte), fato este que desencadeou a disputa de precedência com seu colega italiano Niccolo Tartaglia.
Também se interessava pela criptologia, tendo proposto uma cifra de substituição polialfabética com auto-chave, a qual continha vícios que inviabilizavam seu uso, e uma grelha, conhecida como Grelha de Cardano, utilizada para esteganografia (e posteriormente utilizada pelo Cardeal Richelieu).
Ao mesmo tempo em que ensinava Matemática, Cardano manteve a sua prática médica e viu sua fama crescer de tal forma que, em pouco tempo, gozava de grande reputação, abaixo apenas do grande Andreas Vesalius. Em 1543 aceitou uma cadeira de Medicina na Universidade de Pávia, mantendo esta posição até 1560, com um hiato de sete anos (entre 1552 a 1559). No ano de 1552 Cardano se encontrava na Escócia tratando do Arcebispo de Edimburgo, uma indicação de que sua fama como médico havia ultrapassado as fronteiras da Itália, inclusive como interpretador de sonhos. Foi amigo de Sir Francis Bacon e de Leonardo da Vinci.
Cardano admite, entretanto, que sua vida também lhe trouxe desapontamentos amargos. De acordo com suas palavras, seu filho mais velho "foi acusado de tentar envenenar a própria esposa, quando esta ainda estava debilitada após um parto. No 17° dia de Fevereiro ele foi preso e, cinquenta e três dias após, em 13 de Abril, foi decapitado na prisão. E isto foi meu supremo, meu infortúnio maior".
Caiu em desgraça e mudou-se de Milão, aceitando por último um professorado de Medicina na Universidade de Bolonha. Como muitos da época renascentista, Cardano foi e sempre continuou acreditando em astrologia. Os problemas voltaram em 1570, quando foi preso pela Inquisição pela "heresia" de ter feito um horóscopo de Jesus Cristo. Cardano também fez seu próprio horóscopo e previu que viveria até os 75 anos. Efetivamente, quando atingiu esta idade, cometeu suicídio em 21 de Setembro de 1576.
Fontes e Autoria
Karen Hunger Parshall. Compilação e texto: vovó Vicki.