A Aldeia Numaboa ancestral ainda está disponível para visitação. É a versão mais antiga da Aldeia que eu não quis simplesmente descartar depois de mais de 10 milhões de pageviews. Como diz a Sirley, nossa cozinheira e filósofa de plantão: "Misericórdia, ai que dó!"

Se você tiver curiosidade, o endereço é numaboa.net.br.

Leia mais...

Criptografia Numaboa

Criptografia e Segurança Pública

Ter

23

Mai

2006


10:26

(33 votos, média 4.88 de 5) 


Existem dois tipos de criptografia neste mundo: a criptografia que impede sua irmãzinha de ler seus arquivos e a criptografia que impede governos (e o PCC) de ler seus arquivos.

Se eu pegar uma carta, trancar num cofre e esconder o cofre em algum lugar em Nova Iorque... e depois pedir para você ler a carta, isto não é segurança. Isto é obscuridade. Por outro lado, se eu pegar uma carta, trancá-la num cofre e depois lhe der o cofre com o desenho de suas especificações e mais cem cofres idênticos com as combinações de modo que você e os melhores arrombadores de cofres possam estudar o mecanismo do segredo... e nem assim você conseguir abrir o cofre para ler a carta, isto é segurança.

Por muitos anos, este tipo de criptografia era domínio exclusivo dos militares. A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA e seus pares na Rússia, Inglaterra, França, Israel, etc, já gastaram bilhões de dólares no jogo mais do que sério de tornar seguras suas próprias comunicações enquanto tentavam quebrar as dos outros. Os cidadãos comuns, com muito menos verba e habilidade, têm sido impotentes em proteger sua própria privacidade destes governos.

Durante os últimos trinta anos houve uma explosão de pesquisas acadêmicas públicas em criptografia. Pela primeira vez, o estado da arte da criptografia por computador está sendo praticado fora das paredes seguras das agências militares. Agora é possível, tanto para você quanto para mim, empregar práticas de segurança que podem nos proteger dos adversários mais poderosos - segurança que pode, inclusive, proteger-nos das agências militares.

Será que o cidadão comum precisa realmente deste tipo de segurança? Eu diria que sim. Ele pode estar planejando uma campanha política, discutindo seus impostos ou tendo um caso ilícito. Ele pode estar desenhando um novo produto, discutindo uma estratégia de marketing ou planejando uma aquisição hostil. Ele pode estar vivendo num país que não respeita os direitos de privacidade dos seus cidadãos. Ele pode estar fazendo algo que ele sente que não deveria ser considerado ilegal, mas é. Seja qual for o seu motivo, seus dados e comunicações são pessoais, são privados e não são da conta de ninguém.


Este texto que você acabou de ler é a tradução do prefácio do livro Applied Cryptography de Bruce Schneier, editado em 1998. Já naquela época, Schneier criticava severamente o chip Clipper proposto pela administração Clinton. O Clipper, baseado na concepção orwelliana de que o governo tem o direito de interceptar comunicações particulares, permitia praticar escuta eletrônica. Na verdade, este tipo de interceptação fortalece o poder do governo em detrimento do direito individual. Uma atitude como esta não é simplesmente uma pequena proposta governamental em alguma área obscura - é uma tentativa unilateral e preemptiva de usurpar poderes que pertenciam aos cidadãos.

O Clipper não protege a privacidade. Ele força os indivíduos a confiarem incondicionalmente no governo, acreditando que ele respeitará a privacidade de todos. O Clipper parte do princípio que o governo é o mocinho e os cidadãos são todos bandidos. Delírio, acesso de raiva, exagero? Parece que não! Quase vinte anos depois destas considerações de Bruce Schneier, que continua sendo um dos maiores entendidos em segurança e privacidade nos dias de hoje, somos surpreendidos por uma notícia que apenas confirma suas palavras.

Em maio de 2006, o presidente estadunidense George W. Bush indicou o general da Força Aérea Michael Hayden para ocupar o cargo de diretor da CIA. Só para refrescar a memória, em 2001 a administração Bush ordenou a implantação de um programa para monitorar as comunicações nos EUA.

  • O motivo? Rastrear "suspeitos de terrorismo" e, como todos são suspeitos...
  • O mandante? O presidente dos EUA.
  • O executor? O general de quatro estrelas Hayden, na época diretor da NSA (Agência de Segurança Nacional).

Como vemos, nada de novo no front. As tecnologias melhoram, mas os métodos continuam os mesmos. E nós aqui no Brasil, temos com que nos preocupar? Se você tem certeza de que o nosso governo não nos persegue e nem invade a nossa privacidade, não se esqueça da Internet. Não é por acaso que todo o tráfego da América do Sul é obrigado a passar pelos backbones em solo estadunidense... e lá, pode ter certeza, estão monitorando atividades pessoais, comerciais e outros que tais. Não é neura não, é assim que a CIA e a NSA se abastecem de informações.

Tá certo, até agora só meti a boca na invasão de privacidade. Mas como é que fica a coisa pro lado do governo, responsável pela integridade física e pela segurança da população? Para responder, vou citar mais um exemplo atual. Garanto que, se a gravação da reunião "secreta" na CPI do Contrabando de Armas, vendida por uma merreca de R$200 para o PCC, tivesse sido criptografada, o Congresso teria feito a lição de casa: a Família Brasileira agradeceria e o Sr. Marcola & Cia. teria um pouco mais de trabalho para bagunçar a vida dos que ficaram à mercê da sanha da bandidagem.

Vadim Logofet Sberbankмагазины косметикилобановский александр биографияалександр лобановскийотзывы MFX погодалобановский депутат

Informações adicionais