Criptografia Numaboa
O que é Esteganografia
Ter 2 Jan 2007 23:38 |
- Detalhes
- Categoria: Esteganografia
- Atualização: Sábado, 18 Abril 2009 13:01
- Autor: vovó Vicki
- Acessos: 22093
O termo esteganografia vem do grego e significa "escrita coberta". É um ramo particular da criptologia que consiste, não em fazer com que uma mensagem seja ininteligível, mas em camuflá-la, mascarando a sua presença. Ao contrário da criptografia, que procura esconder a informação da mensagem, a esteganografia procura esconder a EXISTÊNCIA da mensagem.
Histórias da História
Contrariamente à criptografia, que cifra as mensagens de modo a torná-las incompreensíveis, a esteganografia esconde as mensagens através de artifícios usando imagens ou um texto que tenha sentido, mas que sirvam apenas de suporte (como o alfabeto biliteral de Francis Bacon ou as famosas cartas de George Sand). A idéia é a mesma das grelhas de Cardano e do "barn code": mesclar a mensagem numa outra, onde apenas determinadas palavras devem ser lidas para descobrir o texto camuflado.
O primeiro uso confirmado da esteganografia está em "As Histórias" de Heródoto e remonta ao século V a.C.: um certo Hístio, querendo fazer contato secreto com seu superior, o tirano Aristágoras de Mileto, escolheu um escravo fiel, raspou sua cabeça e escreveu na careca a mensagem que queria enviar. Esperou que os cabelos crescessem e mandou o escravo ao encontro de Aristágoras com a instrução de que deveriam raspar seus cabelos.
Ainda nas "As Histórias" de Heródoto consta que, para informar os espartanos de um ataque iminente dos persas, o rei Demaratos utilizou um estratagema muito especial: pegou tabletes, retirou-lhes a cera, gravou na madeira a mensagem secreta e recobriu os tabletes novamente com cera. Deste modo, os tabletes, aparentemente virgens, não chamaram a atenção e chegaram até as mãos dos gregos. O problema foi que os gregos não imaginavam que a cera que tinham importado continha mais do que apenas cera. Foi Gorgo, a mulher de Leônidas, quem teve a idéia de raspar a cera e bisbilhotar o fundo das caixinhas que a transportava - leu a mensagem, avisou os gregos e garantiu a vitória sobre os persas.
Na China antiga também se usava a esteganografia. Escreviam-se mensagens sobre seda fina e o pequeno retalho era transformado numa bolinha que era recoberta por cera. Para transportar a mensagem, obrigavam um mensageiro engolir a bolinha, ir até o destinatário e entregá-la depois de... éééécccaaaa.
No século XVI, o cientista italiano Giovanni Porta descobriu como esconder uma mensagem num ovo cozido: escrevia sobre a casca do ovo cozido com uma tinta contendo uma onça de alume (± 29 g) diluída em cerca de meio litro de vinagre. A solução penetrava na casca e se depositava sobre a superfície branca do ovo. Depois, bastava o destinatário abrir o ovo para ler a mensagem.
O historiador da Grécia antiga, Enéias, o Tático, teve a idéia de enviar uma mensagem secreta fazendo minúsculos furos em certas letras de um texto qualquer. A sucessão destas letras marcadas fornecia o texto secreto. Dois mil anos mais tarde, remetentes ingleses empregaram o mesmo método, não para garantir o segredo de suas cartas, mas para evitar o pagamento de taxas de correio muito caras. Na realidade, antes da reforma do serviço postal ao redor de 1850, enviar uma carta custava cerca de um shilling para cada cem milhas de distância. Os jornais, no entanto, eram isentos. Graças a furinhos de agulha, os ingleses espertos enviavam suas mensagens gratuitamente transformando folhas de jornal em verdadeiras peneiras Este procedimento também foi utilizado pelos alemães durante a Primeira Guerra Mundial. Durante a Segunda Guerra, eles aperfeiçoaram o método marcando letras de jornais com tintas "invisíveis" ao invés de fazerem furos.
Os espiões alemães da Segunda Guerra utilizavam micropontos para fazer com que suas mensagens viajassem discretamente. Eram fotografias do tamanho de um ponto (.) que depois eram ampliadas para que a mensagem aparecesse claramente. Era uma espécie de microfilme colocado numa letra, num timbre, etc.
Em 1999, Catherine Taylor Clelland, Viviana Risca e Carter Bancroft publicaram na revista Nature "Hiding messages in DNA microdots" (escondendo mensagens em micropontos de DNA). Como qualquer material genético é formado por cadeias de quatro nucleotídeos (Adenina, Citosina, Guanina e Timina), podemos comparar estas cadeias a um alfabeto de quatro letras: A, C, G e T. Além disso, como os cientistas atualmente podem fabricar cadeias de DNA com um conjunto predeterminado de nucleotídeos, nada os impede de atribuir a um grupo de três nucleotídeos uma letra do alfabeto, um número ou sinais de pontuação (por exemplo, "A"=CGA, "B"=CCA, etc) e compor uma "mensagem genética". Para disfarçar as pistas, pode-se misturar algumas outras sequências aleatórias de nucleotídeos. Para complicar as coisas, o resultado é apenas visível ao microscópio eletrônico. Uma possível aplicação deste método esteganográfico seria, por exemplo, uma empresa que produz uma nova espécie de tomate e inclui sua marca de fábrica nas moléculas do tomate afim de evitar imitações.
Escondendo mensagens em imagens GIF
Em 25.11.04, o Luciano fez contato para me contar do Projeto TaTu, brazuca da gema. No site do projeto, no link About, encontra-se a seguinte explicação:
- O "projeto" TaTu é um trabalho de Matemática III da faculdade Eseei, cujo objetivo era demonstrar softwares de esteganografia. Este trabalho apresenta a implementação web de ocultamento de mensagens criptografadas em imagens digitais, utilizando algorítmo de compressão Ruffman em conjunto com a esteganografia. E ainda, o método Last Significant Bit (LSB), para ocultar a informação criptografada em uma imagem.
Equipe: Alberto Mello, Gilmar Kaminski, Luciano Juvinski, Marcelo, Renato Hayashi.
Professor: Jean Pierre Wasem
O site tem um visual muito agradável e permite esconder mensagens (com ou sem senha) em imagens no formato GIF. Recomendo a visita! Parabéns à equipe pelo excelente trabalho e meus mais sinceros agradecimentos ao Luciano.
Fontes
- The Codebrakers de David Kahn
- Stéganographie de Didier Müller