Criptografia Numaboa
A Régua de Saint-Cyr
Ter 8 Nov 2005 03:10 |
- Detalhes
- Categoria: Dispositivos de Cifragem
- Atualização: Domingo, 14 Junho 2009 17:08
- Autor: vovó Vicki
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Este instrumento deve seu nome à academia militar francesa situada na cidade de Saint-Cyr onde, entre 1880 e o início do século XX, serviu para instruir estudantes de criptologia. Foi o holandês Auguste Kerckhoff, figura de destaque na criptologia, quem batizou esta régua com o nome de Saint-Cyr.
O instrumento, parecido com as antigas réguas de cálculo, é relativamente simples. É composto por uma tira longa de papel ou cartolina, denominada "estator" ou parte fixa, a qual contém um alfabeto ordenado clássico, e por uma segunda tira, móvel e mais comprida do que a primeira, contendo dois alfabetos sucessivos. Tradicionalmente, o alfabeto claro é colocado na parte fixa.
AS APLICAÇÕES
Esta régua permite fazer substituições monoalfabéticas do tipo do Código de César. Basta deslocar a parte móvel o número de letras que corresponde ao deslocamento desejado. Para cifrar o texto, troca-se a letra da parte fixa pela letra correspondente da parte móvel. De acordo com a Fig.1, cujo módulo é 5, quando se cifra NUMABOA, obtém-se SZRFGTF. Para decifrar, faz-se o contrário: troca-se a letra da parte móvel pela letra correspondente da parte fixa.
Com um pouco de prática, a régua de Saint-Cyr também pode ser usada nas substituições polialfabéticas. Neste caso, a cada troca de alfabeto cifrante, desloca-se a parte móvel de modo a obter o módulo desejado. No caso da cifra de Vigenère, por exemplo, desloca-se a parte móvel a cada letra do texto claro de modo que a "letra da vez" da palavra-chave esteja posicionada abaixo da letra A da parte fixa.
Por exemplo, para cifrar GRANDE IDEIA com a palavra-chave NUMABOA, primeiramente desloca-se a parte móvel para alinhar o N com o A da parte fixa (Fig. 2). A seguir, procura-se o G na parte fixa e substitui-se a letra pelo T.
Para substituir a segunda letra posiciona-se a parte móvel da régua de modo que o U fique alinhado com o A da parte fixa. Depois se localiza o R no alfabeto claro e troca-se pelo L (Fig. 3). Desloca-se novamente a parte móvel para alinhar o M com o A da parte fixa e se substitui o A por M, e assim sucessivamente. O resultado obtido será TLMNES IQYUA.
É um vai e vem da parte móvel que dá gosto, mas, apesar disto, a margem de erro é muito menor do que trabalhar com as Carreiras de Vigenère.
LÁPIS E PAPEL
Fazer uma régua de Saint-Cyr não é nenhum fim de mundo. Só é preciso uma folha de cartolina, uma tesoura (ou estilete), umas canetas coloridas e um pouco de jeito. Corta-se duas tiras de cartolina, uma com o dobro do comprimento da outra. Divide-se a primeira em 26 "casas" e a segunda em 52. Cada casa abriga uma letra do alfabeto. Para facilitar, as letras do alfabeto claro e do cifrante podem ter cores diferentes. Taí a idéia