A Aldeia Numaboa ancestral ainda está disponível para visitação. É a versão mais antiga da Aldeia que eu não quis simplesmente descartar depois de mais de 10 milhões de pageviews. Como diz a Sirley, nossa cozinheira e filósofa de plantão: "Misericórdia, ai que dó!"

Se você tiver curiosidade, o endereço é numaboa.net.br.

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O Código Braille *

Qua

9

Ago

2006


18:54

(163 votos, média 4.49 de 5) 


Louis Braille

Braille
Louis Braille (1809-1852)

Louis Braille nasceu em Coupvray, distrito de Seine-et-Marne, a cerca de 45 km de Paris, no dia 4 de Janeiro de 1809. Seu pai, Simon-René, era seleiro e fabricante de arreios do povoado. Aos 3 anos de idade, o menino Louis fere um dos olhos ao utilizar uma sovela da oficina do pai. Apesar do cuidado dos pais, o ferimento é contaminado e a infecção atinge também o olho são. Braille fica totalmente cego.

Apesar de cego, Louis é mandado para a escola primária. Por não poder ver e nem escrever, decorava e recitava as lições que ouvia, espantando os professores com sua inteligência brilhante. Logo depois do seu décimo aniversário, com a ajuda do pároco da Aldeia e de seu professor, Louis consegue ingressar na instituição de Valentin Haüy, fundador de uma escola especial para cegos em Paris.

O método utilizado pela escola era o de letras em relevo. A leitura era demorada, a confecção dos livros era muito trabalhosa e os mesmos ficavam enormes - mas o método funcionava. Apesar de possuir sua técnica de ensino, a instituição estava aberta para novos métodos e, após exaustivas discussões, os professores resolveram tentar o método do capitão de artilharia Charles Barbier de la Serre. O capitão aperfeiçoara um código através de pontos que podia ser lido com os dedos e que era usado para ocultar segredos de mensagens militares e diplomáticas. Barbier denominou-o "escrita noturna" ou "sonografia".

O método de Barbier fascinou Braille, porém era muito complexo e não permitia que se soletrasse as palavras. Um encontro com Teresa von Paradise, concertista cega, também foi decisivo na sua vida. Teresa idealizara um engenhoso aparelho para ler e compor ao piano. Aprendendo música com ela, Braille tornou-se rapidamente organista e violoncelista e, aos quinze anos, foi admitido como organista da Igreja de Santa Ana, em Paris.

O código Braille

Rapaz educado e afável, Braille tornou-se professor do Instituto em que estudara e era recebido nos melhores salões da época. Foi num desses salões que conheceu Alphonse Thibaud, então conselheiro comercial do governo francês. No meio de uma conversa, Thibaud perguntou-lhe porque não tentava criar um método que possibilitasse aos cegos não apenas ler, mas também escrever. A princípio, Braille irritou-se com a sugestão, pois achava que a tarefa devia caber aos que que podiam ver e não a ele. Reconsiderando, começou a admitir a possibilidade de realizá-la, mesmo sendo um deficiente visual.

Foi então que começou a trabalhar no código de Barbier. Após três anos o jovem estudioso conseguiu o que queria: um sistema de pontos em relevo representando letras. Geralmente, aponta-se 1825 como o momento em que ele inventa o sistema. Todavia, foi apenas em 1829 que a primeira edição do trabalho, intitulado "Processo para escrever as palavras, a música e o canto-chão, por meio de pontos, para uso dos cegos e dispostos para eles" foi publicado. Deu-lhe a forma definitiva na segunda edição, publicada em 1837.

Aos 43 anos de idade, em 1852, Louis Braille morreu tuberculoso sem ver seu trabalho reconhecido. Só nas três décadas seguintes ele se tornaria famoso no mundo todo como notável benfeitor dos cegos. Seu sistema, aperfeiçoado por Foucault, é hoje universalmente adotado.

As células do código
braille2

O Código Braille é constituído por pontos em relevo dispostos sistematicamente. Cada símbolo é representado por uma combinação de pontos, dos seis possíveis, numa célula de 3 linhas e 2 colunas.

Hoje em dia existem vários dispositivos para escrita em Braille, desde soluções muito simples até sofisticados dispositivos eletrônicos. O mais simples é uma lousa com uma régua perfurada onde, com o auxílio de um estilete, é possível produzir os pontos em relevo. Existe também uma máquina de escrever especial, impressoras ligadas a um computador que produzem os relevos desejados, dispositivos com voz artifical que "lêem" braille, teclados de computador especiais e "anotadores" eletrônicos associados a máquinas de calcular, calendários, etc.

Apenas como curiosidade, existe um conjunto de caracteres Braille que pode ser utilizado em documentos gerados por computador. É a fonte Braille.ttf, do tipo true type, que disponibilizei na seção de downloads.

Lousa
Lousa com régua e estilete
Meninas
Meninas com anotador

O Código Braille, perfeitamente sistematizado e baseado numa matriz fixa de 6 células, é fácil de ser trabalhado matematicamente. Desconheço se alguma vez foi utilizado na criptografia, mas a idéia não é das piores... imagine uma mensagem cifrada que, posteriormente transformada em Braille, pode ser lida até no escuro!



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Fontes

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