Leon Battista Alberti
Seg 20 Jun 2005 21:00 |
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- Categoria: História da Criptologia
- Atualização: Domingo, 14 Junho 2009 13:55
- Autor: vovó Vicki
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Leon Battista Alberti, nascido em Florença em 1404, foi uma das figuras maiores da Renascença italiana: pintor, compositor, poeta e filósofo, autor da primeira análise científica da perspectiva.
Ficou mais conhecido como arquiteto. Entre suas obras mais famosas está o Palácio Rucellai em Florença (1451), a Igreja de São Francisco em Rimini (1455) e a fachada da Igreja de Santa Maria Novella em Florença (1470).
Desenhou a primeira Fontana di Trevi de Roma e foi autor do primeiro livro impresso sobre arquitetura, o "De Re Aedificatoria", o qual agiu como um catalisador na transição do desenho gótico para o renascentista. É também o autor de um tratado sobre a mosca doméstica e de uma oração fúnebre para o seu cão.
Até cerca dos 40 anos passou a maior parte do tempo estudando as civilizações antigas da Grécia e Roma, tornando-se famoso como humanista e latinista erudito. Morreu em Roma em 1472.
A CIFRA DE ALBERTI
Apesar de as cifras polialfabéticas não terem aparecido senão no final do século XVI, sua origem é muito anterior e devida ao florentino Leon Battista Alberti. Ao redor de 1460, Alberti propõe utilizar dois ou mais alfabetos desordenados e de alterná-los durante uma cifragem afim de escapar de uma análise de frequência dos criptanalistas potenciais. Foi a evolução mais significativa depois de mais de mil anos sem grandes novidades em criptologia. Alberti então desenvolve seu conceito em um sistema completo, o qual servirá como base para muitos pesquisadores que utilizaram suas idéias: Johannes Trithemius, Giambattista Della Porta e Blaise de Vigenère.
Seu tratado "De Componendis Cyphris", que escreveu em 1466 ou 1467, é um estudo notavelmente claro composto por vinte e cinco páginas manuscritas em latim. É o documento sobre criptologia mais antigo do mundo ocidental.
É neste tratado, explicando como as decifrações são possíveis, que ele expõe os modos de prevení-las. A partir daí, Alberti analisa diversos procedimentos: substituições de tipos diferentes, transposições de letras dentro de palavras e mensagens obtidas marcando-se as posições de certas letras num texto inocente. Termina sua introdução com uma cifra de sua invenção: o disco cifrante, também conhecido como Disco de Alberti.
«Fixo dois discos numa placa de cobre. Um, o maior, será fixo e o outro, o menor, móvel. O diâmetro do disco fixo é superior em um nono ao do disco móvel. Divido a circunferência de qualquer um dos dois em vinte e quatro partes iguais chamadas de setores. Em cada um dos setores do disco grande escrevo na ordem alfabética normal uma letra maiúscula vermelha: primeiro A, a seguir B, depois C, etc, omitindo H e K que não são indispensáveis.»
Desta forma, Alberti obteve 20 letras, pois J, U, W e Y também não figuravam no seu alfabeto. Nos quatro setores restantes ele escreveu os números 1, 2, 3 e 4. Depois, nos vinte e quatro setores do disco pequeno ele escreveu «uma letra minúscula, em preto, não na ordem normal como no disco fixo, mas numa ordem incoerente. Desta forma, pode-se supor que a primeira letra será a, a décima segunda g, a décima terceira q e assim por diante, de modo que todos os vinte e quatro setores sejam preenchidos porque o alfabeto latino possui vinte e quatro caracteres, sendo o vigésimo quarto &. Efetuados estes arranjos, coloca-se o disco pequeno sobre o grande, de modo que uma agulha passada pelos dois centros sirva como um eixo comum ao redor do qual girará o disco móvel.»
Determina-se uma das letras do disco móvel como letra chave ou letra índice, por exemplo k. Isto posto, o remetente alinha esta letra chave com qualquer letra do disco externo e informa a posição do disco móvel ao destinatário escrevendo a letra escolhida. Alberti usou o exemplo de k alinhada com B. «Usando este ponto de partida, cada letra da mensagem representará a letra fixa acima dela. Depois de escrever três ou quatro letras, posso mudar a posição da letra-índice de modo que k esteja, por exemplo, sobre D. Depois, na minha mensagem, escreverei um D maiúsculo e, a partir deste ponto, k não significará mais B e sim D, e todas as letras do disco fixo terão novas letras equivalentes.»
Esta multiplicidade de equivalentes faz de Alberti o inventor da substituição polialfabética.
A cifra de Alberti é uma das cifras polialfabéticas mais seguras que não obteve o sucesso merecido, sendo um dos motivos a decisão do autor de mantê-la secreta. Em 1470 escreve o tratado "Modus scribendi in ziferas" que foi publicado em Veneza somente um século mais tarde como parte do "oposcoli morali", e passou quase que despercebido.
Sem dúvida alguma adiante da sua época, o gênio de Alberti passou despercebido. Seu disco, esquecido por muito tempo, só reapareceu em 1867 na Exposição Universal de Paris onde, sob o nome de criptógrafo, foi apresentado como a genial invenção do inglês Charles Wheatstone...
Fontes e Autoria
Koogan Houaiss e diversas fontes na Internet. Pesquisa e texto: vovó Vicki.