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Categoria: Meu ecossistema

Atualização: Quinta, 28 Janeiro 2010 14:13

Autor: vovó Vicki

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No meu ecossistema também existem alguns seres vivos que são classificados como pragas. Formigas que detonam o jardim e o pomar e pulgões que insistem em buscar alimento na minha horta. Isto sem falar dos cupins que constroem suas casas, verdadeiras torres de concreto escondidas entre o milho e a soja, que por mais de uma vez quebraram o dispositivo de corte das colheitadeiras. Até aí, nada de novo, até que... os ácaros resolveram atacar!

Hoje cedo fui até a cozinha para fazer o café da manhã. Como sempre, dei uma olhada pela janela para conferir se estava tudo bem com os cães e para me deleitar com o canteiro cheio de flores e um pé de pitanga carregadinho que costuma servir o desjejum para um bando de sanhaços e sabiás. Estava tudo como sempre até que meus olhos bateram numa estranha "folha de plástico" que cobria grande parte do amendoinzinho (neste canteiro não plantei grama, usei o amendoim rasteiro - Arachis repens - como cobertura). "Que entranho", pensei, "quem é que teve a brilhante idéia de colocar plástico no meu jardim?".

Olhando com mais cuidado, percebi que o tal do plástico subia por uma roseira e envolvia a base de um toco, sobra de uma árvore imensa que fomos obrigados a cortar e que hoje serve de suporte para algumas orquídeas. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo e resolvi conferir de perto.

Para meu espanto, o que de longe parecia plástico, na verdade era uma teia imensa. "Putz aranhona", foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça, mas logo resolvi abandonar esta teoria, pois pela extensão da teia, por maior que fosse a aranha, uma só não daria conta do recado. "Vixi, uma invasão de aranhas?", foi meu pensamento seguinte, "está parecendo coisa de filme de terror!", "aqui tem coisa...". Resolvi ir buscar meus óculos para ver melhor (de longe enxergo bem, mas de perto é uma tragédia ) quando reparei no pingo-de-ouro na beirada do canteiro. Que coisa mais linda! Achei por bem não só buscar os óculos, como também a máquina fotográfica. Contornando o canteiro, esbarrei com o braço esquerdo numa roseira que também tinha uma teia. E daí? O que isto tem com a história? Aparentemente nada, mas registrem o fato.

Quando retornei, já com as lentes corrigindo minha visão, comecei a olhar de perto as teias, lindas teias vermelhinhas. Havia muito mais para ver do que eu poderia imaginar: eram teias animadas! Milhares de minúsculos seres vermelhos estavam circulando sem parar tecendo uma teia tão fina que mal podia ser vista. A teia não era vermelha, vermelhos eram os aracnídios! Milhares no ponto onde eu estava olhando, com certeza seriam milhões se eu considerasse toda a área "enteiada". Sem dúvida nenhuma, tratava-se de uma invasão, e de uma invasão muito bem arquitetada.

Fiz mais algumas fotos por que descobri uma rosa e um pezinho de pimenta totalmente envoltos pela teia e pelos bichos. Quem vê teia, pensa em aranha. Resolvi pesquisar na internet para tentar descobrir que diabo de aranhas minúsculas (e bota minúsculo nisso, não chegavam a 1 milímetro) eram estas. Sentada na frente do computador, "googlei" aranha vermelha minúscula quando meu braço esquerdo começou a coçar...

Não demorou muito para encontrar um primo das aranhas - o ácaro. Fuçando um pouco, achei o Tetranychus urticae (o sobrenome lembra alguma coisa?), descrito por Koch em 1836, conhecido aqui no Brasil como ácaro rajado. Na Wikipedia fiquei sabendo que este acarozinho, quando adulto, não mede mais do que 0.5 mm, e que adora frutas, verduras, legumes e plantas ornamentais, principalmente rosas. Também fiquei sabendo que seu predador natural é o Phytoseiulus persimilis, um outro ácaro. Será que ácaro comendo ácaro quer dizer que os ácaros são "acarófagos"?.

No Toda fruta aprendi que este ácaro costuma viver em colônias enormes, uma praga que chega a matar as plantas quando se alimenta do líquido celular extravasado de células foliares rompidas com o aparelho bucal picador-sugador. Um ácaro só, tudo bem, mas não tem tomateiro, morango, pé de feijão, milho, pessegueiro, uvas ou rosas que aguentem zilhões de picadas e sugadas. E a lista não pára por aí, pois o cardápio deste ácaro voraz é bem mais diversificado do que isto.

No Dermatology Online Journal fui informada de que este ácaro é uma das causas de doença ocupacional (asma ocupacional, rinites e URTICÁRIA) em pessoas que lidam com cultivares e plantas em estufa contaminados. Foi daí que meu braço esquerdo começou a coçar mais ainda. Quem mandou eu me meter a repórter de ácaro sem saber com o que eu estava lidando? Vivendo e aprendendo

Seguem mais algumas fotos e mais uma informação: os ácaros são da família dos aracnídeos, que inclui as aranhas, os ácaros e os carrapatos.