Engenharia de Churrasco
Sex 16 Set 2011 01:29 |
- Detalhes
- Categoria: dalton
- Atualização: Sexta, 16 Setembro 2011 01:32
- Autor: Dalton Sponholz
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Esta história não é minha, mas já que não encontro a original vou contá-la do meu jeito. Diz-se que no tempo em que o povo ainda comia carne crua um dia uma floresta pegou fogo e um grupo de porcos morreu queimado ali. A turma da cidade de perto do ex-bosque sentiu o cheirinho da carne assada e foi conferir: experimentou comer aqueles porcos do incêndio e, uau!, era muito bom. Decidiram que daquele dia em diante carne crua era coisa do passado. Agora só se comeria carne assada, muito mais saborosa, macia e aromática. Então começaram a pensar em como queimar outra floresta pra assar mais porcos. o.O
É, a ideia soou muito boa, então começaram a estudar que plantas cresciam rápido para plantar florestas programadas e renováveis para serem queimadas uma em cada mês do ano. Também estudaram como controlar o incêndio, de modo que a floresta de janeiro não queimasse a de maio quando fosse incendiada. Para isto precisaram estudar o comportamento do vento, os métodos incendiários, a propagação das chamas. E, claro, o comportamento dos porcos: como provocar fugas propositais na direção das florestas, como evitar que saíssem da floresta antes de morrerem assados, etc. Dá pra notar que assar porcos era uma atividade complexa. Não demorou para as faculdades locais começarem os cursos de Engenharia de Churrasco, e especializações em Controle de Incêndio, Plantio Programado Renovável de Florestas e Reaproveitamento de Solo Queimado. Era a bola da vez, certeza de ganhar dinheiro, pode crer, era ser formado nesta área. E gente do mundo inteiro visitava esta cidade pra comer porco assado, porque ali era certo que mensalmente saía churrasco.
Putz, mas tem gente que sempre inventa moda, né? Um sujeito um dia acordou com uma ideia. Acho que ele não era estudante de Engenharia de Churrasco. Não sei dizer o que estudava ou em que era formado, dizem por aí que era jornalista ou publicitário. Mas sei que chamou os amigos e disse: – Galera, tava aqui pensando comigo... e se a gente amontoasse um pouco de lenha ou de carvão, botasse fogo, e pendurasse um porco já morto e cortado em pedaços em cima pra assar? A carne ficaria igual à carne assada nas florestas e daria muito menos trabalho! – A turma sorriu e concordou. No dia seguinte este sujeito amanheceu morto por causas não explicadas. E ninguém nunca comentou as ideias dele. Fato é que por muito tempo a economia da cidade ainda esteve estável, fundamentada na Engenharia de Churrasco.