A Aldeia Numaboa ancestral ainda está disponível para visitação. É a versão mais antiga da Aldeia que eu não quis simplesmente descartar depois de mais de 10 milhões de pageviews. Como diz a Sirley, nossa cozinheira e filósofa de plantão: "Misericórdia, ai que dó!"

Se você tiver curiosidade, o endereço é numaboa.net.br.

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Cheire uma vez só

Qua

3

Ago

2011


12:54

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Cheiro de mofo, poeira e ácaros costumam me fazer muito mal. Tenho alergia e estas criaturas microscópicas tem o poder de desencadear crises de rinite que podem me deixar de cama por muitos dias com os mesmos sintomas de uma gripe forte dependendo do tempo em que fiquei respirando a tal coisa. Às vezes pego no guarda-roupa uma blusa que não uso há muito tempo e já vejo que naquele instante ela é uma inimiga, está com o cheiro daquilo que pode me derrubar. Na primeira cheirada minhas narinas já reagem com ardência. Putz, mas e se é AQUELA a blusa que quero porque quero usar naquele dia?


Ah, não tenho a conta de quantas vezes uma blusa me deixou de cama. O que acontecia? Depois daquela cheirada ali do primeiro parágrafo eu jogo ela em cima da cama e observo. Penso que é ela que estou com vontade de usar. Penso que as outras ou estão para lavar ou não tem a cor que quero usar, ou simplesmente não servem por uma razão qualquer. Mas esta é perfeita. Pena que está cheirando a mofo. Será que está forte mesmo o cheiro? Cheiro uma segunda vez, então. Mas lembra da ardência nas narinas da primeira cheirada? É, as narinas agora estão um pouco anestesiadas, e na segunda cheirada a blusa não parece estar tão prejudicial assim. Chacoalho ela um pouco para arejar e visto. Não sinto cheiro nenhum nela agora. Tranquilo! Vou pra rua. Logo mais os olhos começam a lacrimejar. As narinas começam a arder e a fazer coriza. A garganta seca e preciso de água e mais água. Sem perceber, estou carregando um “sachê do mal”, promovendo por onde vou o cheiro que me destrói. E eu não lembro da blusa, pois não sinto mais o cheiro dela desde a segunda cheirada, lá em casa, quando a vesti. Penso que é somente uma gripe. E dia seguinte estou de cama. Enquanto procedi assim, uma blusa teve o poder de me roubar dias de saúde, até que eu me desse conta de que o problema era ela. Ou melhor, de que o problema era ir pra segunda cheirada.


E na vida não tem várias coisas assim? No primeiro momento a gente olha e sabe que não é bom. Mas arranja uma justificativa legal aqui e um bom motivo ali, e segue no intento que não parecia uma boa. Agora ele já nem parece tão mal. Continua e um instante depois, como a blusa vestida, parece já fazer parte da vida. A gente começa a ir mal em algumas coisas, uma bagunça acontece em volta, e a gente nem se liga que o motivo é estar tratando como certo aquilo que era errado, porque já acostumou e nem questiona mais aquela coisa ou atitude. Mas é preciso tirar a blusa e colocá-la pra lavar. É preciso voltar atrás na atitude tomada. Quando aprendi a respeitar a primeira cheirada e colocar a blusa pra lavar sem questionar, sem querer experimentar de novo, as blusas perderam o poder que tinham sobre mim. Não uso a blusa inimiga, mesmo que pareça ser ela a blusa perfeita para a ocasião. Se a gente aprende a não ultrapassar a primeira linha quando um mal se oferece, saúde!

“Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema ao Senhor e evite o mal. Isso lhe dará saúde ao corpo e vigor aos ossos.” (Pv. 3.8 )

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