O grito de uma nação
Qui 14 Out 2010 23:22 |
- Detalhes
- Categoria: dalton
- Atualização: Quinta, 14 Outubro 2010 23:22
- Autor: Dalton Sponholz
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Vou começar me explicando. Vou falar aqui sobre o assunto dos mineiros que ficaram soterrados no Chile e foram resgatados nos últimos dias. Mas não da forma nem com o foco que se replica e multiplica via twitter, blogs e imprensa em geral. Quero falar de um momento que antecede o evento enquanto notícia de comoção internacional. Quero lembrar do dia em que, após passadas duas semanas do desmoronamento que prendeu 33 mineiros a mais de 600 metros de profundidade na mina San José (de que é esta mina, mesmo? Carvão?), um pedaço de papel amarrado em uma sonda informou a equipe de resgate, na superfície, de que todos estavam vivos e bem. Dia de festa nacional no Chile!
Minha amiga Jéssika, que estava morando naquele país naquele dia de agosto, quando isto aconteceu, foi quem me contou. Em todo o território nacional, à medida em que a notícia corria, as pessoas saíam às ruas gritando, pulando, buzinando, se abraçando, comemorando que seus compatriotas sobreviveram. Abaixo da terra e muito acima das esperanças e expectativas, todos se salvaram, estavam lá, inteiros, respirando, aguardando pacientemente por um socorro capaz de tirá-los debaixo da terra. Impressionante!
Isso aqueceu em meu coração a chama da humanidade. Vi um povo capaz de comemorar a coisa certa. É, porque até é divertido sair às ruas buzinando quando se é penta-campeão, ou pode-se sentir uma nação unida ao chorar junta a morte do seu piloto mais querido de fórmula 1, ou quando a juventude pinta a cara pra tirar um presidente que a mídia dominante se arrependeu de ter influenciado eleger, mas o Brasil não demonstrou ainda unidade e patriotismo capaz de comemorar a vida, a vitória da vida, a força do cidadão comum que sobrevive cada dia à hostilidade deste mundo. Passa-se mais tempo esperando a condenação de vilões (pais que assassinaram a filha, filha que assassinou os pais) do que comemorando heróis e sobreviventes (quem foi mesmo o rapaz que evitou a chacina no cinema?). Mas o Chile mostrou que dá pra esperar por isso. Viva!