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Tá falando comigo?

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Categoria: dalton

Atualização: Terça, 02 Fevereiro 2010 14:03

Autor: Dalton Sponholz

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"João, limpe a mão do Luiz!" a minha amiga Sandra falou. João e Luiz são os dois netos dela, o Luiz quase de colo. Quase que imediatamente outro conhecido nosso, o Sr. João, perguntou muito prestativa e educadamente: "tá falando comigo?", ao que a Sandra respondeu "não, Sr. João, eu jamais falaria neste tom com o senhor!". Opa! Lembrei de uma coisa. Eu aprendi de criação um costume esquisito. O tom de voz que era comum de se usar em casa era falta de educação quando usado com pessoas de fora. E com as pessoas de fora, além de mudar o tom de voz, algumas palavras mágicas precisavam ser incluídas nas sentenças. Palavras como "por favor", "com licença" e "muito obrigado".

Faz alguns anos cheguei a uma conclusão. Nada contra o Sr. João, gosto bastante do sujeito, mas descobri que as pessoas de casa são muito mais importantes para mim que o Sr. João ou qualquer outra pessoa de fora. É dos meus pais, das minhas irmãs, dos meus sobrinhos o meu primeiro amor fraternal. E é com eles que conto se o mundo resolve conspirar contra mim. É deles que preciso irracionalmente. Eles são o maior tesouro que possuo neste planeta. Como posso ter mais cuidado, mais preocupação, mais delicadeza com gente estranha do que com esta turma? Decidi transformar tudo o que aprendi com eles mesmos porque acho que, apesar de serem importantes pra caramba, não são muito inteligentes em ter este tipo de costume. Comecei a me esforçar para ser educado, carinhoso, delicado, cuidadoso ao tratar com eles ainda que o retorno não corresponda, ainda que eles não consigam dizer em atitude que sou tão importante para eles quanto eles para mim.

Confesso que não é nada fácil. O Sr. João é delicado comigo, este pessoal de casa não é. O Sr. João não escancara suas fraquezas e defeitos na minha frente, já a turma de dentro parece fazer questão de cuspir o que vai escondido. O Sr. João não pisa no meu calo. E por aí vai. Mas, sabe, continuo achando que o que sou e o que pareço no tratar com qualquer pessoa deve começar no valor que a pessoa tem e não no que ela faz, e faço uma força enorme pra lembrar disso o tempo todo. Desculpa aí se também piso no calo, quero aprender a usar dentro de casa as palavrinhas mágicas, me perdoe, por favor! Principalmente se antes sair um ah, você é que não vê onde põe este pé gordo. Ixi, vixi, desculpe-me, por favor!