Falsos, metidos e impostores
Sex 2 Out 2009 18:51 |
- Detalhes
- Categoria: dalton
- Atualização: Sexta, 12 Março 2010 01:53
- Autor: Dalton Sponholz
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Tou lendo um livro com este título aí. O autor se chama Brennan Manning. Faço questão de contar o título e o autor, se pudesse gritaria na rua pra todo mundo ler o mesmo livro. O subtítulo é "onde foi parar seu verdadeiro eu?" - e ele não está brincando. A discussão sobre quem é o verdadeiro eu não é nova. Olhar no espelho todos os dias pode significar ver uma pessoa nova cada vez. Mas pior que a dinâmica da instabilidade que é cada um de nós e o fato de toda gente ter dentro de si uma porção de vozes e vontades que contradizem umas às outras, é o efeito camaleão que a gente tem pra não ser rejeitada e alcançar metas pessoais. Máscara, hipocrisia, fingimento, mentira, chame como quiser, todo mundo é um baita farsante e é disso que ele tá falando.
A verdade dói mas liberta. Jesus, que auto-intitulou-se a verdade, disse que ela liberta. Ele liberta. O problema é a primeira metade ali do dito popular. Dói. Quem quer liberdade pela dor? O conforto da fantasia parece tão mais atrativo. Drogas, TV, sexo desenfreado, aquilo que tirar da frente a verdade tá valendo. Ou trabalho. Sim, trabalho. Manter-se ocupado é um bom jeito de não encarar a realidade. Não encarar pra onde se está caminhando, muito menos quem se é por trás de tudo o que se consegue parecer. Quem gosta de ficar a sós no escuro sem nada para ouvir ou ver por algum tempo? Eu mesmo já descobri que minha companhia não é o que eu mais gostaria de ter comigo.
Mas tou assustado com a ajuda tecnológica pra escapar da verdade. Liga o jornal (sua fonte de realidade) na hora da janta pra ver: assassinato, vitória do clube tal no campeonato, incêndio na floresta, revolta em tal país, comercial estimulante com gente sorridente e música gostosa. Mais assassinato, roubo, previsão do tempo com sorriso simpático, tal artista que vai cantar em tal lugar, tal destaque no especial de sábado, acidente grave com morte de mais gente. Mais comercial alegre com cores, sorrisos e músicas. Chega de jornal. Fora da TV, música no celular, reuniões deixam de ter conversas pra ter troca de arquivos por bluetooth. Já assistiu esse? Já escutou essa? Manda aqui. Manda no meu email. Tá no youtube. Tá no meu perfil. Acompanha no meu twitter. Estímulo sobre estímulo, distância de si mesma, gente caminha sem conseguir falar do próprio coração, senão dos sonhos que não pertencem ao Hoje. Altos e baixos emocionais nessa montanha russa geram insensibilidade. E eu aqui assistindo, socorro. Vou lá terminar de ler o livro.