Eu quero me casar mas não acho com quem
Qui 18 Dez 2008 23:41 |
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- Categoria: dalton
- Atualização: Sexta, 12 Março 2010 02:17
- Autor: Dalton Sponholz
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Anteontem o site da BBC Brasil anunciava um estudo de uma universidade de Edimburgo que mostra que as comédias românticas atrapalham a vida afetiva das pessoas. Os meios de comunicação geram espectativas emocionais que não podem existir na realidade.
A pessoa certa. Acho que nunca na história este(a) sujeito(a) foi tão procurado(a). Como dizia a propaganda da lista telefônica, se não está nas páginas amarelas então não existe. E a pessoa certa nunca anunciou. Alguém já disse que o seu relacionamento funciona a partir do momento em que você, ao invés de procurar a pessoa certa, passar a se esforçar para ser a pessoa certa. Eu concordo. Mas o que acontece se tanta gente ainda pensa encontrar alguém que o aceite como é, tenha objetivos de vida comuns, afinidades, gostos sincronizados, lhe dê o espaço que tinha quando solteiro e entenda-a sem que seja necessário falar?
O vídeo abaixo eu fiz (certo, não bem fiz, peguei emprestadas algumas imagens do "Labirinto", filme com o David Bowie, e troquei algumas falas, hehehe) para um congresso sobre "Geração X" em 2001. Alguns sociólogos chamam o grupo de pessoas que nasceu entre 1960 e 1975 de "Geração X". Este X aí é de incógnita, incerteza, falta de identidade. Quem são estas pessoas? São os filhos e irmãos mais novos das pessoas que, uma década e meia antes, prometeram mudar o mundo gritando em sua juventude "vem, vamos embora, que esperar não é saber! Quem sabe faz a hora e não espera acontecer!"* mas que terminou desabafando que "minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais!"** - a Geração X assistiu de camarote que "os cabelos cresceram" mas que "o sonho acabou"***. Cresceu desestimulada a sonhar, e parece viver para a carreira. Sonha, ou pensa que sonha, com coisas do patamar material. Comprar o apartamento, e aí trocar por um maior. Comprar um carro, e trocar por um do ano. Fazer mestrado. E doutorado. E pós-doutorado. E ser promovido. E encontrar a pessoa certa. Nunca uma geração teve tantos membros envelhecendo na casa dos pais. Ou morando sozinhos. Esta foi a primeira geração que teve como babá a televisão, e carrega uma influência pesada da ficção no seu imaginário.
Costumo dizer que relacionamentos não acontecem, se constroem. Por mais que a babá tenha ensinado diferente.
Clique aqui para ver o vídeo: Quem é essa geração?
Legendas:
* trecho de "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré
** trecho de "Como nossos pais", de Belchior (imortalizada na voz de Elis Regina)
*** frases de John Lennon, por ocasião do final dos Beatles