Convencional
Qui 30 Out 2008 23:23 |
- Detalhes
- Categoria: dalton
- Atualização: Sexta, 15 Janeiro 2010 14:14
- Autor: Dalton Sponholz
- Acessos: 8697
Escutei um amigo meu dizendo o Dalton não gosta de nada que seja convencional. Fiquei um pouco chocado com a afirmação, me senti de volta à adolescência, quando eu chamava o Raul Seixas de mestre Raul e apregoava aos colegas de escola a implantação de uma sociedade alternativa cuja regra central era justamente uma fuga ao convencional, nem que isso significasse uma fuga da realidade, como esperar papai noel. Do falecido cantor sobrou muito pouca influência (graças a Deus!), mas o saldo positivo daquela época é que entendo até hoje que o senso comum não é de forma nenhuma a representação da verdade (não, a voz do povo definitivamente NÃO é a voz de Deus) de forma que sei que além das coisas tidas como convencionais sempre existem outras possibilidades, e estou sempre aberto a conhecê-las e usufruir delas, mesmo que às vezes isso exija um pouco de esforço, se valer a pena. Mas convivo muito bem com tudo o que é bom mesmo que seja convencional.
Eu disse uma vez que não tomo Coca-cola, não uso Windows e não assisti 'Titanic', como forma de afirmar que é possível viver bem sem algumas coisas que parecem imprescindíveis mas que não são. Depois disso, acabei assistindo o filme numa reprise na TV e comprei um computador com Windows XP para poder fazer testes nesta plataforma e usar alguns programas que rodam apenas neste sistema (os outros computadores que tenho continuam usando sistemas mais seguros e estáveis). Só aquele refrigerante preto que está presente em quase todos os encontros de pessoas ocidentalizadas é que continuo não tomando porque foi difícil parar de tomar e, se eu ingerir de novo aquela coisa, sei que o residual químico que vai deixar nos meus neurônios vai fazer com que meu corpo pense de novo que preciso daquilo e eu sei que realmente não preciso, por isso mantenho meu organismo livre (só tenho este pra usar durante todo o tempo em que eu estiver neste planeta, convém que eu cuide dele) ademais, monopólios nunca são bons, e quando um produto (destes que tem dono, patente, direitos, segredos industriais, etc) parece muito necessário, eu o coloco em dúvida. Mas tomo café, como chocolate e assisto programas até da rede Globo (gosto muito do Jô, por exemplo, quer mais convencional que isto?).
Eu costumo dizer que entre oito e oitenta, desconsiderando-os, existem ainda setenta e um números inteiros, antes de oito mais sete se considerar somente o universo dos inteiros positivos, e depois de oitenta ninguém ainda conseguiu contar. Então talvez seja possível dizer que eu não seja muito convencional, mas isto não exclui as coisas convencionais da minha vida. Eu só evito o Convencional quando se trata de viajar. A diferença de custo costuma ser pequena em relação ao Executivo, então opto pelo ônibus mais confortável. A vida é uma grande viagem, né, não?