Com licença?
Qui 3 Jul 2008 09:37 |
- Detalhes
- Categoria: dalton
- Atualização: Terça, 12 Janeiro 2010 22:43
- Autor: Dalton Sponholz
- Acessos: 13777
Uma das coisas que mais me chateia quando o assunto é tecnologia é o licenciamento de software. Tá certo (quer dizer, tá errado, tá muito errado!) que no Brasil isso é praticamente ignorado, principalmente pelo usuário doméstico, que instala qualquer coisa em seu computador clicando no botão concordo sem sequer dar-se ao trabalho de ler o texto com o qual está concordando. Uma mentira generalizada (veja a charge abaixo pra pelo menos rir um poquinho dessa tragédia). Mas, como eu não sou partidário da lei de Gérson, e ainda batalho pela ética e pela honestidade como princípios irrefutáveis e inegociáveis, me sentindo às vezes como aquela andorinha cuspindo água sozinha no incêndio da floresta, não clico naquele botão sem concordar de verdade com a licença acima, e isso me faz deparar com a insanidade de alguns termos de licenciamento.
Nem preciso dizer que o mais absurdo sempre cabe à Microsoft. Já começa pela cultura louca que ela promoveu de se precisar licenciar o sistema operacional (sem ele, não há computador... tem algo estranho nisso tudo). Mas tudo bem. Fizeram o sistema, não fabricam computadores, que pague quem quiser usá-lo. Mas o que você faria se comprasse um carro, trocasse os pneus dele por outros de outro modelo, e o fabricante dissesse que você não tem o direito de usar os pneus originais em outro carro? É assim que funciona o Windows. Se compro um computador e não quero usar o Windows que veio nele, não posso usar a mesma licença em outro computador. Isso chega a ser ridículo!
E quando o computador está em rede a coisa vai ficando mais grave. Se o seu computador, mesmo sendo um só, permite que mais gente use-o ao mesmo tempo via rede, então você tem que pagar mais caro, pois o número de licenças, aí, passa a ser por usuários simultâneos. Só alegria!
A Apple fez uma parecida, nesses dias (é, a mesma Apple do Steve Jobs). Instalou polemicamente o Safari para Windows nos computadores que usavam o iTunes sem perguntar se o usuário queria isso. Até aí já é um abuso de poder inominável. Mas, como se não bastasse, não se deram o trabalho de alterar a licença do Safari, que diz que ele só pode ser usado em computadores Apple. Caramba, o fabricante desobedece sozinho a própria licença!
A Adobe tem um termo que eu gosto nas suas licenças, diz que posso instalar o mesmo software no PC de mesa e no laptop, desde que eu não use os dois ao mesmo tempo. Só é chato ter que telefonar para o escritório saber se não tem ninguém usando a minha máquina antes de trabalhar no notebook, pra ficar de consciência limpa. Ô!
Que bom que há algum tempo tem gente que descobriu que dá pra programar feito gente pra gente. Ah, maravilhoso mundo o do Software Livre! Livre em todos os sentidos, liberta quem já o encontrou. Nada como espalhar o software pelas máquinas sem se preocupar se estou infringindo os ideais de alguém, e explorar tudo o que o software faz sem ter que prestar contas a nenhum fabricante. Nada como poder trabalhar, treinar, pesquisar e configurar sem se escravizar. E que bom que já tem gente trabalhando hibridamente, permitindo que você use tecnologia comercial, quando não há alternativa livre, em ambiente livre e com recursos livres, para que a escravidão seja de vez coisa do tempo das caravelas.